Esporotricose humana passa a ser de notificação compulsória no Brasil

São Luís, 5 de fevereiro de 2025 – A esporotricose humana, uma zoonose que vem se expandindo pelo Brasil, agora integra a Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública, devendo ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A decisão foi oficializada durante a 1ª Reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) de 2025, realizada na última semana, em Brasília.
A medida visa fortalecer a vigilância epidemiológica das micoses endêmicas, uma responsabilidade do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi), dentro do Plano Nacional de Saúde 2024-2027. A partir dessa notificação compulsória, será possível mapear e controlar a doença, favorecendo a construção de políticas públicas mais eficazes para o enfrentamento da esporotricose humana.
O presidente do CRMV-MA, médico-veterinário Licindo Rodrigues, destacou a importância dessa medida. “Desde 2022, quando assumimos o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Maranhão, já tínhamos essa preocupação. A esporotricose não é uma doença nova, mas está reaparecendo de maneira tão disseminada no país que merece total cuidado de todas as entidades. Solicitamos ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) que interviesse com os órgãos competentes para que a esporotricose se tornasse de notificação compulsória”, afirmou.
Para Licindo, a zoonose exige uma atenção redobrada, pois impacta tanto a saúde pública quanto a saúde dos trabalhadores e a saúde animal. “Por ser uma zoonose, significa que a doença pode ser transmitida de animais para humanos e vice-versa. Precisamos ter o cuidado com ambos, com a responsabilidade de tratar essa enfermidade como uma condição que exige a atenção de médicos-veterinários e demais profissionais da saúde”, completou.
O Ministério da Saúde, a partir dessa notificação compulsória, implementará ações que incluem a elaboração de ficha de notificação, protocolos de vigilância, qualificações para profissionais da saúde e vigilância, e a organização da rede diagnóstica laboratorial. Além disso, haverá planejamento estratégico para garantir o fornecimento de medicamentos antifúngicos, diante da possível alta demanda.
Fernanda Dockhorn, coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Microbactérias não Tuberculosas (CGTM), destacou que a esporotricose já é registrada em 26 dos 27 estados brasileiros. “Temos tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, estimamos que a doença não seja plenamente identificada e tratada em todo o país. Por isso, é tão importante a implantação da vigilância das micoses endêmicas”, afirmou.
Sobre a doença
A esporotricose humana, causada pelo fungo Sporothrix spp., é prevalente em regiões tropicais e subtropicais e ocorre em todas as regiões do Brasil. A doença é transmitida por traumas decorrentes de espinhos, lascas de madeira ou arranhaduras e mordeduras de animais, especialmente gatos, o que torna seu controle desafiador.
Com a inclusão da esporotricose na lista de notificação compulsória, o Brasil avança no controle dessa zoonose, com a expectativa de diagnósticos mais precisos e ações mais eficazes para proteger a saúde de pessoas e animais.
Assessoria de Comunicação do CRMV-MA com informações do Ministério da Saúde.