Conversando com o Veterinário – Especial João Batista Pires
No especial de abril do quadro “Conversando com o Veterinário”, o CRMV-MA tem a honra de entrevistar o médico-veterinário João Batista Pires, ex-presidente do CRMV-MA, consultor, palestrante e profissional com uma trajetória marcada por dedicação à Medicina Veterinária no Maranhão.
João Batista é natural de Uruaçu (GO), nascido em 1957, e chegou ao Maranhão em 1978, inicialmente para cursar Medicina. Foi na UEMA, ao ingressar no curso de Medicina Veterinária como segunda opção, que descobriu sua verdadeira vocação. Com raízes na vida rural — é filho de fazendeiro e cresceu no campo —, encontrou na Veterinária um caminho natural, alinhado à sua história e paixão pelos animais de produção.
Presidiu o CRMV-MA entre os anos de 1992 e 1995, período em que enfrentou diversos desafios estruturais e institucionais, mas também contribuiu para modernizações importantes, como o início da informatização do Conselho. Além disso, teve atuação marcante como diretor da Unidade de Vigilância de Zoonoses de São Luís, cargo que ocupou por quase 25 anos.
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Na entrevista a seguir, João Batista compartilha sua jornada, os aprendizados de sua gestão, o impacto da experiência no Conselho Federal e sua visão sobre o futuro da Medicina Veterinária.
Confira agora a entrevista na íntegra!

CRMV-MA: Como foi sua chegada ao Maranhão e o início na Medicina Veterinária?
João Batista Pires: Cheguei a São Luís em 1978 com a intenção de cursar Medicina. Acabei optando pela Medicina Veterinária como segunda opção, e foi aí que tudo começou. Depois dos primeiros períodos, passei a me identificar cada vez mais com o curso. Como cresci em uma fazenda, em contato direto com animais, isso pesou muito. Me encantei pela profissão ao estudar mais sobre as espécies, a anatomia e a fisiologia. Foi uma escolha que acabou se tornando definitiva.
CRMV-MA: Quais eram os principais desafios enfrentados pelos médicos-veterinários no início da sua carreira?
João Batista Pires: Naquela época, o médico-veterinário precisava saber de tudo. Quando você chegava numa fazenda, tinha que responder sobre qualquer espécie. Se não soubesse, era questionado como profissional. Também havia muita resistência a mudanças. Sempre ouvíamos que “meu pai fazia assim, meu avô também”. Inovar era difícil, especialmente em temas como manejo e melhoramento genético. Ser ouvido e conseguir promover mudanças era um verdadeiro desafio.
CRMV-MA: Durante sua gestão no CRMV-MA, o que o senhor considera como legado?
João Batista Pires: O primeiro passo foi visitar todos os veterinários registrados no interior do estado. Queria entender como atuavam e o que enfrentavam. Mas percebi que, além do contato individual, era preciso oferecer formação e informação.
Passei a promover simpósios e cursos em São Luís, trazendo profissionais de fora. Era um Conselho com apenas três funcionários e sem computador — eu mesmo comprei o primeiro. E seguimos. Criei um programa para rodar as ações administrativas do Conselho e demos início à informatização. Foi uma construção importante para a estrutura que temos hoje.
CRMV-MA: O senhor também atuou no Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) no final da década de 1990 — mais precisamente entre 1996 e 1999 —, ocupando, entre outros, o cargo de conselheiro efetivo. De que forma essa experiência influenciou sua visão sobre a profissão?
João Batista Pires: No Conselho Federal, vi que os problemas que enfrentávamos aqui eram os mesmos em outros estados. A falta de reconhecimento, os desafios do mercado, a necessidade de organização profissional…Era uma realidade nacional. Isso me fez valorizar ainda mais o papel dos conselhos. São eles que ajudam a alinhar o profissional à legislação, à ética e à sociedade. A profissão precisa compreender isso e dar valor a essas instituições.
CRMV-MA: Mesmo após a aposentadoria, o senhor continua contribuindo com o setor. Poderia contar um pouco sobre as atividades em que tem atuado atualmente?
João Batista Pires: Sim. Embora aposentado, continuo ativo como consultor e palestrante, principalmente em parcerias com o SEBRAE e o SENAR. Faço palestras para produtores rurais, sindicatos e eventos no interior. Também já atuei como professor da disciplina de Deontologia na UEMA. Sempre que posso, oriento os jovens: organizem-se antes de se registrarem no Conselho. Arrumem um trabalho estável, não se precipitem, pois iniciar com dívidas pode atrapalhar o início da carreira. Tudo o que construí foi com base na Medicina Veterinária — e sigo com ela até hoje.
O CRMV-MA agradece ao médico-veterinário João Batista Pires por compartilhar sua história com tanta dedicação, lucidez e paixão. Seu legado e contribuição para o fortalecimento da Medicina Veterinária no Maranhão são fontes de inspiração para as novas gerações.
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